segunda-feira, 25 de março de 2019

A MULHER NAS SAGRADAS LETRAS


As Sagradas Escrituras – Antigo e Novo Testamentos, nem sempre deram às mulheres a justa atenção por sua participação na história da Salvação, desde a Revelação – Deus que fala aos homens na linguagem dos homens; passando pela Eleição do Povo de Deus e Sua Aliança cujo ápice é Nosso Senhor Jesus Cristo.

Num primeiro momento a mulher é aquela que, seduzida pela serpente do pecado, induz Adão a consumir o fruto da Árvore do Conhecimento. Depois contemplamos Sara, que não nos apresenta um perfil simpático, chegando a rir-se da promessa de Deus a Abraão que, apesar de sua idade, recebe a notícia de uma paternidade tardia. Inclusive a própria imagem feminina de Israel, descrita em Ezequiel 16 é de uma mulher ingrata, adultera e infiel. É evidente que esta visão negativa do feminino na Bíblia não é unânime. Reflete as múltiplas influências sociais, políticas, antropológicas e teológicas expressas nas tradições Javista, Eloísta, Sacerdotal e Deuteronômica que se deu na confecção das Sagradas Escrituras, inclusive nos momentos em que essas tradições se confundem ou se fundem criando novas tradições. Fenômeno que de certa forma ocorrerá quando dos escritos neotestamentários.

Mas não é essa a imagem que devemos reter em nossas retinas teológicas, em nossa visão de fé, antecedendo-nos inclusive à chegada da Santíssima Virgem nos Evangelhos.

Lanço meu olhar para Rute.

Tudo o que Rute significava para o Israel primitivo. Ser estrangeira, ser pobre, ser viúva, ser mulher, mas fora a ela dada a oportunidade de ser avó de Davi.

A história da salvação nos encanta por esses desencontros entre uma suposta lógica social por um renovar-se espiritual trazido pela Divina providência ao trazer ao ramo genealógico de Davi – e com isso ao de Jesus Cristo, a figura de uma mulher que fere de morte a lógica judaica de uma mulher ideal.

Sim. A figura de Rute é pragmática. Em si, contraditória, inclusive, mas sobretudo encantadora e nos conduz a compreensão das mulheres do Novo Testamento, sobretudo as mulheres companheiras de missão de Nosso Senhor e as presentes na Igreja primitiva.

Entre Eva e Maria havia Rute. Não como uma pedra a impedir-nos a passagem, mas sobretudo como doce maná, a alimentar-nos todos, pois era estrangeira, pobre, viúva e mulher. Sobretudo mulher.

Prof. Paulo César, Bacharelando em Teologia Católica pelo Centro Universitário Internacional - UNINTER, Pólo Aracaju. 

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